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25 de julho de 2015

Francisco Xavier Missionário cristão



Início promissor
 

No dia 6 de maio de 1542, aportava na remota e lendária Índia, depois de conturbada viagem de treze meses, o missionário Francisco Xavier, com apenas 35 anos de idade.
Seu primeiro campo de ação foi a cidade de Goa, principal colônia portuguesa no Oriente, onde os europeus esquecidos de sua missão civilizadora, dedicavam-se a um lucrativo comércio e se deixavam arrastar pela sensualidade e pelos vícios do mundo pagão.
Em poucas semanas, fizeram-se sentir naquela cidade o benéfico efeito da ação de presença, das pregações e do ativo zelo do novo missionário.
"Num mês, milhares foram batizados"
Depois de passar alguns meses nessa cidade, rumou Francisco para terras ainda mais distantes. Toda a costa sul da península indiana foi percorrida por ele. E a partir de então, sua vida tornou-se um ininterrupto peregrinar por terras, mares e ilhas longínquas, alargando sem cessar as fronteiras do Reino de Jesus. Em carta de janeiro de 1544, disse ele a seus irmãos de vocação: "Tanta é a multidão dos que se convertem à fé de Cristo nesta terra por onde ando, que muitas vezes me acontece ter os braços cansados de tanto batizar. Há dias em que batizo todo um povoado".
Um ano depois, relatava novas maravilhas operadas por Deus naquelas paragens: "Notícias destas partes da Índia: faço-lhes saber que Deus nosso Senhor moveu muitos, num reino por onde ando, a se tornarem cristãos, de modo que num mês batizei milhares de pessoas.  Depois de batizá-los, mando derrubar as casas onde tinham seus ídolos e ordeno que rompam as imagens dos ídolos em pequenas partes".
No Império do Sol Nascente
Assim, estufadas as velas de sua alma pelo sopro do Espírito Santo, com heróica generosidade Francisco Xavier fez de sua existência um contínuo, lançando- se sempre, de ousadia em ousadia, à conquista de mais almas, para a maior glória de Deus.


Certo dia, estando na cidade de Malaca, apresentaram-lhe um homem de olhos oblíquos e mirada inteligente, que havia percorrido centenas de milhas tendo por único intuito encontrar-se com o célebre e venerável ocidental que falava de  um  Deus que perdoava os pecados... Seu nome era Hashiro e sua terra natal, o Japão.
Imediatamente, vislumbrou Francisco a riqueza que seria para a Igreja se o povo representado por esse intrépido neófito viesse a conhecer o Senhor Jesus: "Não deixaria eu de ir ao Japão pelo muito que tenho sentido dentro de minha alma, ainda que possuísse a certeza de que haveria de passar pelos maiores perigos da minha vida, porque tenho grande esperança em Deus Nosso Senhor que nessas terras há de crescer muito nossa santa fé. Não poderia descrever quanta consolação interior sinto em fazer esta viagem ao Japão".
Lutando contra adversidades de toda ordem, mais de dois anos passou Francisco no remotíssimo Império do Sol Nascente, fundando igrejas, anunciando a verdadeira fé a príncipes e nobres, a pobres camponeses e inocentes crianças. Em carta de novembro desse mesmo ano, declarou a seus irmãos: "Pela experiência que temos do Japão, faço-lhes saber que seu povo é o melhor dos descobertos até agora".
Entretanto, tendo como objetivo conseguir mais missionários para essa promissora terra, partiu de volta à Índia, deixando no Japão, que não mais o veria, uma robusta e florescente cristandade.
Sempre mais!
Depois de ter percorrido o Extremo Oriente em todas as direções durante dez anos e levantado o nome daquele que morreu na Cruz no arquipélago nipônico, o coração de Francisco, insaciável da glória de Deus, lançou- se a conquistar novos povos para seu Rei e Senhor: a China seria agora sua grande meta. Pela importância do império chinês, por sua incalculável população e, sobretudo, seu prestígio e riqueza cultural, compreendeu que, se tornasse ali conhecido o nome de Jesus, a Ásia inteira se prostraria aos pés do Divino Redentor.
"Este ano espero ir à China, pelo grande serviço a nosso Deus, que lá se poderá obter", escreveu em janeiro de 1552 a seu pai. No mesmo ano, referindo-se a esta nação, comunicou a seus irmãos de vocação os anelos e esperanças de sua alma de missionário: "Vivemos com muita esperança de que, se Deus nosso Senhor nos der mais dez anos de vida, veremos grandes coisas nestas regiões. Pelos méritos infinitos da Morte e Paixão de Deus nosso Senhor, espero que Ele me dará a graça de fazer essa viagem à China".
A última viagem
Retornando do Japão, pouco tempo se deteve  Francisco na Índia. Apenas o suficiente para atender as necessidades da tão desejada viagem à China.
Um dedicado amigo do infatigável missionário, chamado Diogo Pereira, empregou toda a sua fortuna fretando um navio, carregando-o com esplêndidos presentes para o imperador da China e adquirindo magníficos paramentos de seda e de damasco, e todo tipo de ricos ornamentos  a dar aos chineses noção da grandeza da verdadeira religião que lhes seria anunciada.


Antes de viajar, o Santo escreveu ao Rei de Portugal, em abril de 1552: "Parto daqui a cinco dias para Malaca, que é o caminho da China, para ir dali, em companhia de Diogo Pereira, à corte do imperador da China. E da parte de Vossa Alteza levo um que nunca foi enviado por nenhum rei nem senhor a esse imperador: a Lei verdadeira de Jesus Cristo nosso Redentor e Senhor". Assim, no dia 17 de abril de 1552, embarcou na nave Santa Cruz para conquistar o império de seus sonhos
"Desamparado de todo humano favor"
No entanto, poucos dias de navegação haviam transcorrido, quando desencadeou- se terrível tempestade. A tripulação do navio, espantada com a violência dos elementos e tendo perdido qualquer esperança de salvação, pedia com grandes clamores o livramento da morte. Francisco Xavier, imperturbável, recolheu-se em profunda oração. E imediatamente - assim como outrora à voz do Divino Salvador as águas do Lago de Genezaré haviam- se acalmado - o vento cessou de soprar e as ondas tornaram-se suaves e calmas pela fé e pelas preces desse humilde conquistador de impérios.
Mas a partir deste momento, não cessaram os infernos de levantar obstáculos e contrariar a viagem. "Tende por certo e não duvideis que de modo algum que o demônio tudo fará para evitar que o nome de Jesus entrem na China" - escreveu ele em novembro de 1552.
Chegando à cidade de Malaca, última escala antes de penetrar em águas chinesas, inopinadamente, o capitão português desse porto - que, aliás, devia seu cargo aos bons ofícios e recomendações de Francisco - impediu a continuação da viagem, alegando que só a ele caberia o comando de uma expedição à China...
 A ambição e a cobiça desse infeliz levaram-no ao extremo de insultar e maltratar aquele peregrino da glória de Deus.
Finalmente, após várias semanas de espera, a nave Santa Cruz pôde singrar as águas em direção à China, mas sob o comando de homens nomeados pelo capitão português, o qual morreu pouco tempo depois, corroído pela lepra.
Com o coração partido, Francisco revelou em julho de 1552: "Não podereis acreditar quanto fui perseguido em Malaca. Vou para as ilhas de Cantão, no império da China, desamparado de todo humano favor".
À espera do barco, olhando sem cessar para a meta.
Sancião era o nome dado pelos portugueses à inóspita ilha de Shangchuan, situada a 180 quilômetros da cidade de Cantão. Nessa ilha, onde os navios europeus costumavam aportar para comerciar com os chineses, desembarcou o santo missionário em outubro de 1552.
Esforçaram-se ali os portugueses por encontrar, entre os numerosos mercadores chineses, algum que se prontificasse a levá-lo a Cantão. Todos, porém, se escusavam, pois isso era vedado pelas leis imperiais, e os transgressores expunham- se a perder todos os haveres e até a própria vida. Por fim, um deles, decidido a correr o risco, se dispôs a transportar Francisco numa pequena embarcação, mediante o pagamento de 200 moedas.
"Os perigos que corremos neste empreendimento são dois, segundo a gente da terra: o primeiro é que o homem que nos leve, depois de receber os duzentos cruzados, nos abandone numa ilha deserta ou nos jogue no mar; o segundo é que, chegando a Cantão, o governador nos mande para o suplício ou para o cativeiro" - escreveu Xavier.
Esses perigos, porém, o infatigável apóstolo não os temia, pois seguro estava de que "sem a permissão de Deus, os demônios e seus asseclas nada podem contra nós".
Acompanhado de apenas dois auxiliares, um indiano e um chinês, ficou na Ilha de Sancião à espera do retorno do comerciante que se comprometera a transportá-lo, olhando sem cessar para o continente pelo qual com tanto ardor suspirava. Mas os dias e as semanas se passaram, e em vão aguardou Francisco a volta do chinês: este infelizmente nunca retornou.
Últimas palavras de um santo
As forças físicas do ardoroso missionário chegaram então ao termo. Uma altíssima febre o obrigou a recolher- se em sua improvisada cabana, onde, desamparado dos homens e padecendo frio, fome e toda classe de privações, deveria passar os últimos dias de sua heróica existência nesta terra de exílio.


Àquele varão que não conhecera o cansaço, àquele apóstolo que com sua palavra arrastava multidões, àquele taumaturgo que havia ultrapassado grandes obstáculos operando milagres portentosos, o Senhor do Céu e da Terra reservava a mais heróica e gloriosa das mortes: a exemplo de seu Mestre Divino, Francisco Xavier morreria no auge do abandono e da aparente contradição.
Alguns dias antes de entregar seu espírito, entrou em delírio, revelando então a magnitude do holocausto que a Providência lhe pedia: falava continuamente da China, de seu veemente desejo de converter esse império e da glória que adviria para Deus se esse povo fosse atraído para Cristo.
E nas primeiras horas da madrugada de 3 de dezembro de 1552, Francisco Xavier expirou docemente no Senhor, sem uma queixa ou reclamação, divisando ao longe aquela China que não conseguira conquistar e que tanto havia desejado depositar aos pés de seu Rei, Nosso Senhor Jesus Cristo.
Suas derradeiras palavras foram estas frases de um cântico de glória: Em Ti espero, Senhor. Não me abandones para sempre!
A maior glória de Deus
À primeira vista, sobretudo para quem não tem seu olhar habituado a contemplar os horizontes infindos da Fé, a vida de São Francisco Xavier parece, em certo sentido, frustrada.
Quantas almas não se teriam salvo e quanta glória não haveria recebido o Senhor se o imenso e super povoado império chinês houvesse sido evangelizado por este apóstolo de fogo! Entretanto, quando se encontrava ele, finalmente, às portas desta nação, depois de haver passado por dificuldades e combates de toda ordem, o chamado de Deus se fez ouvir: "Francisco, meu filho, cessa tua luta e vem a Mim!" E o intrépido conquistador respondeu, sem hesitar, como Jesus no Horto das Oliveiras: "Senhor, faça-se a vossa vontade e não a minha. Sim, Redentor meu, cumpram-se, antes de mais nada e sobre todas as coisas, vossos perfeitíssimos desígnios e assim, e só assim, Vos será dada a eternidade!" maior glória nesta terra e por toda a eternidade.
(Revista Arautos do Evangelho, Nov/2005, n. 47, p. 20 a 23

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